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Cordel e Xilogravura

Cordel e xilogravura são duas artes quase inseparáveis, pois toda capa de cordel "pede" uma xilogravura. A recíproca, claro, não é verdadeira. A arte de esculpir na madeira e imprimir no papel (ou tecido) é muito antiga, e os primeiros exemplos desta arte são encontrados na China, ainda no século II de nossas era. Pela simplicidade da técnica, é amplamente usada nas artes chamadas populares. E o frevo foi muito usado como inspiração para ambas dessas artes tão comum no nordeste brasileiro.
Anatomia do Frevo (excertos) 
A
braão Batista

No frevo se manifesta
por completa, a expressão
da alma, a categoria
fazendo manifestação
da foto, frente e verso
corpo, cara e coração.

(...)
O frevo surgiu da tribo
da oca pernambucana
banhado nos raios de sol,
mamando caldo de cana
com berço na mata virgem
e no agreste bacana.

(...)
No frevo ferve a vida
como música ligeira
no reboliço, o corpo
dança com alma maneira
extravasando do peito
maluquice e canseira.

(...)
Daí, ouvindo os acordes
do trombone e trompete
do clarim e saxofone
do tarol e clarinete
o cabra se acelera
voando como confete.

(...)
Como o frevo do abafo
é alegre competição,  
cada bloco querendo ter
a melhor representação...
Nesse caso os passistas
tiram fogo até do chão.
(...)
Temos o frevo coqueiro
com suas notas bem altas,
o trombone, nos agudos
marcando todas, sem faltas
além do frevo ventania
nas semicolcheias peraltas.
(...) 
Firmo nestes meus versos
sobre a classificação;
repito: o frevo de rua,  
bem como o frevo canção,
têm com o frevo de bloco
toda a representação.
(...) 
Como já disse: o frevo
é criação de um povo
nasceu de grande alegria isso eu digo de novo
o frevo pernambucano
tanto gosto que aprovo.
O frevo não deveria ser
refém do carnaval

(excertos)
José Davi

O aboio do vaqueiro
Na caatinga do sertão
O cavalo alazão
Por sinal muito ligeiro
De janeiro a janeiro
Isso é fenomenal
Frevo tem que ser igual
Pra se ouvir todo dia
O frevo não deveria ser
refém do carnaval.


Lá na praça do Arsenal
O cantor Alceu Valença
Chega marcando presença
Abrindo todos canais
Ele sabe o que faz
Com o seu tom musical
Fazendo no carnaval
O que Capiba fazia
O frevo não d
everia ser
refém do carnaval.

E os caboclos de lança
Lá de Nazaré da Mata
De sapato ou de percata
Do passado têm lembrança
Mas não perdem a esperança
Dentro do canavial
Sem rádio e sem jornal
Nunca teve mordomia
O frevo não d
everia ser
refém do carnaval.

Papangus estão na praça
No meio dos foliões
Arrasando corações
Frevando com muita raça
Com o frevo cheio de graça
Na minha terra natal
Se tornando mais real
Para ter mais energia
O frevo não d
everia ser
 
refém do carnaval.
Esta obra a seguir não tem título nem autor conhecido. Assim costumam ser as postagens no site Brainly, onde estudantes pedem ajuda para fazer suas tarefas escolares. Um internauta identificado como Pokemon1 pediu um cordel sobre o frevo: "Alguem faz pra mim um cordel sobre o frevo pra hj". Outro internauta, de forma anônima, respondeu. Brainly 
xilo.jpeg
Aqui uma bela mistura de cordel, frevo e xilogravura feita pela artista Samira, usando o Frevo Mulher, composição de Zé Ramalho 
(Parte 1)

Eis o primeiro trabalho 
deste pretenso poeta 
que se julga imaturo 
mas com a sua musa inquieta 
desejando aprimorar-se 
para perseguir sua meta.

Feita a apresentação 
do trabalho inicial 
vamos conhecer um pouco 
deste nosso carnaval 
e depois cair no frevo 
sempre que der para tal.

Povo de todo lugar 
de toda classe ou toda cor 
ao escutar os acordes 
seja de que frevo for 
se embala na frevança 
ao frevo dá seu valor.

Igualmente a uma pluma 
assim o passista dança 
seu reinado é a folia 
a alegria, sua festança 
o corpo seu instrumento 
que na "frevura" se lança.

Com movimentos sutis 
ele segura a sombrinha 
dançando bem à vontade 
dá um Vôo-de-andorinha 
depois faz evolução 
com um Passeio-na-Pracinha.

O Banho-de-Mar,o Martelo 
A Ligadura ou Patinho 
O Ferrolho, a Dobradiça 
O Girassol e o Barquinho 
o passista quando é bom 
não sua seu colarinho.

Com os seus passos seguros 
Carrossel, Locomotiva 
Pernada, Saci, Rojão 
numa dança tão ativa 
já é quase centenária 
mas cada vez tá mais viva.

A Tesoura, o Abre-alas 
a Tramela, o Saca-rolha 
o passista é tão leve 
parece até uma folha 
quer se alongue na tramela 
ou noutro passo se encolha.

Verdadeiros criadores 
de uma dança tão bela 
se perdem na omissão 
de suas vidas singelas 
dançar é a terapia 
pra ocultar as mazelas.

Santo Antônio e São José 
locais que são os cenários 
onde o povo se alucina 
em mundos imaginários 
de cores, sons, alegria 
luzes e encantos vários.

Tem Pierrô, Colombina 
tem Pirata e Arlequim 
tem o árabe, e o palhaço, 
papangu e mandarim, 
paetês, miçangas, plumas 
lantejoulas e cetim.

Confetes banham os astros 
do planisfério momesco 
em três dias de alegria 
de aspecto pitoresco 
não existe rico ou pobre 
apenas carnavalesco.

Nos Batutas, nos Donzelos, 
no Galo-da-Madrugada, 
Lenhadores e Madeira 
Banhistas e Pás Douradas 
Vassourinhas altaneiro 
tem sua glória forjada.

Tem troças, blocos e clubes 
a formar um só cordão 
arrastando pelas ruas 
uma imensa multidão 
faz correr em sangue novo 
os fluidos da tradição.

Tem o Boi e a La Ursa 
caboclinhos, maracatu 
as almas e as caveiras 
o travesti, papangu, 
a gelada e a batida 
de cajá, coco e caju.

Morenas de Afogados 
ou lá de Casa Amarela 
se feias ficam bonitas 
quando estão na passarela 
brilhando num luxo falso 
igualmente a Cinderela.

Fiz a apresentação 
dos componentes reais 
presentes todos os anos 
nesses nossos carnavais 
saber assim não tem graça 
ver ao vivo encanta mais.
(Parte 2)

Não é preciso convite 
nem também muito dinheiro 
basta um short e uma blusa 
e um sapato bem maneiro 
se misture ao nosso povo 
e caia no passo ligeiro.

Pra não ter decepção 
treine uns passos de frevo 
se acostume com o chão 
conheça bem seu relevo 
e para então lhe ajudar 
alguns deles eu descrevo:

O Pontilhando é um passo 
muito fácil de dançar 
se apóie em uma perna 
com a outra chute o ar 
se apóie nesta agora 
repita com a de lá.

Levantando a direita 
pois de lado pise então 
mas somente o calcanhar 
é que vai tocar no chão 
pise agora do outro lado 
refazendo a mesma ação.

Este aqui é o Saci 
e fazê-lo é um barato 
apóie a perna na outra 
dum quatro eis o retrato 
mova prum lado e pro outro 
complementando de fato.

Pra fazer o Girassol 
não tem nenhum atropelo 
os pés juntos, um virado 
caindo no tornozelo 
muda-se depois de base 
desenrolando o novelo.

O Parafuso é um passo 
do Girassol derivado 
da mesma forma, porém 
num giro bem compassado 
agachando todo o corpo 
de um modo ritmado.

Parafusando é o mesmo 
que parafusar no chão 
o corpo todo encolhido 
um pé virado, outro não 
o giro em um sentido 
em contínua rotação.

Para aumentar o espaço 
afastando a multidão 
temos passos específicos 
que são feitos de explosão 
Pernadas e Abre-alas 
como também o Rojão.

A Pernada é chutar alto 
com lateral movimento 
assim, alternadamente 
fazendo o revezamento 
o recuo é natural 
no mesmo exato momento.

O Abre-Alas é assim: 
as pernas meio afastadas 
braços segurando escudos 
em posições arqueadas 
movendo-se para os lados 
soltando cotoveladas.

Da base do Abre-Alas 
iniciar um saci 
fazer uma meia-volta 
à base volta-se aí 
o pé retorna ao chão 
Voltar pela contra-mão 
para o Rojão prosseguir.

O Passeio-na-Pracinha 
é muito cheio de graça 
com uma perna na frente 
a mesma por trás repassa 
a base foge pro lado 
em curtos passos se enlaça.

O Passeio-com-Sombrinha 
é fácil de executar 
mas requer um treinamento 
para não se machucar 
curvar os pés para frente 
alternando-os ao andar.

Fazer agora o Ferrolho 
veja você como é 
abrir as pernas pro lado 
calcanhar, ponta-de-pé 
depois trocar os apoios 
num embalo da maré.

A partir do movimento 
temos uma variante 
é fazer com rapidez 
num estilo eletrizante 
Ferrolhando-se assim 
nesse passo interessante.

A Dobradiça é assim: 
pernas em semi-flexão 
e como apoio nós temos 
as pontas-de-pé no chão 
mudar para o calcanhar 
as pernas em extensão.
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